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post sem rumo Posso ser acusado de mercantilista ou de estar simplificando as relações sociais, mas acredito que em última análise elas possam ser vistas como uma relação de troca. Podemos seguir essa perspectiva para tentarmos agir com alguma noção de "justiça" e "bom senso". Acredito, sem dúvida nenhuma, que Rousseau tinha as melhores intenções com o "Contrato Social", (acredito também que não rolou o que deveria) que acreditava que o Estado laico seria a solução para várias mazelas da humanidade (que, na época, tinham proporções assustadoras). A própria religião é fundamentada em acordos onde se entrega uma coisa em troca de outra, como vemos quando Adão e Eva dão o cano em Deus que os manda para o olho da rua (onde se ganha pão com suor) por haverem quebrado o contrato estabelecido. Também Prometeu e Lucifer quebraram contratos, regras que estabeleciam trocas. É assim que nos relacionamos sempre. Temos um contrato vitalício e tácito com o Estado dono da região onde nascemos. Não somos brasileiros ou noruegueses por opção mas pelo simples fato de nossa mãe lá ter tido as contrações e por fim parido. Automaticamente somos registrados, catalogados e passamos a fazer parte do Estado-Nação, para sempre (ou até a nossa morte), com remotas chances de um expatriamento (ritual equivalente à excomunhão). Mas acontece que esse contrato já prevê deveres e direitos, como qualquer um. O fato de ser tácito pode ser considerado injusto mas, enfim, fazer o quê? Mais injusto é que esse contrato é furado, e, se não recebemos a nossa parte do acordo, não deveríamos entrar com a nossa. Todo mundo resolvendo parar de pagar imposto até que os ideais maravilhosos da constituição sejam cumpridos, ou se recusar a votar, não alistar no exército com a justificativa de que foi assaltado ou que não conseguiu matrícula numa escola pública ou uma consulta na rede pública de saúde. Inundar o moroso e sonolento sistema judiciário com pedidos absurdos e utópicos, Kafka ao contrário, aquele conto do Cortázar de "cronópios e famas" onde a família implanta o caos na repartição pública. Por aí, moçada. Bem melhor que passeata de meia dúzia pedindo fim de guerra. Bem melhor que discutir o "novo posicionamento da esquerda no imaginário político contemporâneo". Esquerda e direita são ilusões do Estado-INGSOC, essa bota amassando o nariz. Infelizmente movimentos populares exigem massas revoltosas e é sabido que nada é mais estúpido que a massa. A capacidade de sistematicamente escolher os caminhos mais torturantes e humilhantes, escolher repetidamente o mau gosto, o intolerante e o hipócrita. Ilustro: nunca gostei do Lula, um cara fora de contexto, com discurso churumento. Seus simpatizantes, então, é melhor nem comentar. Mas pelo menos era compreensível seu posicionamento político, que era perfeitamente coerente, discurso e percurs:, um operário, lutando pelos ideias socialistas marxistas. Claro, acho certo e construtivo a oposição, por mais descabida e ingênua que seja. Mas ele nunca foi eleito. Só quando se tornou hipócrita, desmentiu, acertou a barba, contou outra história. Parece até que as pessoas se levantam sorrindo: "Vejam! Ele mente!" "Ele é falso e cara de pau!" "Ele tem bursite!" "Viva nosso líder!" "Viva!". Então tá. Carnawalden começa amanhã às sete.
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