quem que onde como

trabalho na frança como Game Designer. aqui conto historias que acho interessantes. os assuntos sao geralmente cinema e video games mas nao apenas. de forma alguma.


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Andrew Carlssin usa o macacão laranja de presidiário norte-americano e senta no banco de sua cela, uma única janela deixa entrar a luz em um perfeito ângulo de 45 graus logo acima de sua cabeça, projetando sua sombra no chão. Ele olha para o chão, para seus pés e para o chão, alternadamente. Ele suspira e parece entediado. Ele está profundamente entediado. Ele sabe que deve esperar mais um pouco. Mais um monte, ele sabe, mas finge ser mais um pouco. Não há tristeza ou medo ou cansaço, apenas tédio, tudo é muito chato. Andrew suspira de novo, mais alto.

- Imbecil!

- Hein?

- Imbecil, ganancioso, mesquinho, descontrolado, estúpido e imbecil!

- Ai. Me poupe.

- 350 milhões? TREZENTOS E CINQUENTA MILHÕES? Só me fala para que, seu demente!

- Aparece pelo menos, para gente conversar direito.

- Não dá. Como você não voltou com o dinheiro estou fazendo uma conexão fiada e só me deixaram mandar áudio, então vai ser assim mesmo. Quem mandou querer fazer tudo de uma vez?

- Eu sei, merda. Não enche. Como é que vai funcionar? Me conta aí, logo.

- Aguenta mais duas semanas. Duas semanas e arrumamos uma transferência individual. Você não tem idéia dos favores que estou devendo em seu nome pra poder te tirar dessa.

- Tá, tá.

- Porra de começo de milênio, porra de homo sapiens, não dá pra confiar. É só mandar pra quando tem um monte de vocês que já vai todo empolgado querer quebrar a merda da bolsa de Nova York. Foi a ganância que acabou com essa sua racinha escrota. Agora fico aqui, com todo o plano emperrado por conta da ganância inata dessa sua racinha, da qual dependo, porque não posso aparecer com a minha cara verde antes de 2012.

- Olha aqui, você já não vai me pagar nada. Podia pelo menos me deixar em paz até eu voltar.

- Desculpe, Andy. É que você parecia tão sozinho olhando pro chão na sua cela. Você sabe que até pra achar notícias de sua captura e soltura é complicado, só uns nerds blogueiros comentando essa notícia freak. Milhões de páginas de celulose impressas todo dia, no mundo todo e não sai nada sobre você. Só em digital. Racinha escrota mesmo.

- Vai à merda.

- Tá. Beleza, Andy. Já vou. Beijos, cara. Até breve.

Andy suspira de novo e volta a olhar as ranhuras do cimento no chão. Ele não é liso, ele pode sentir as ranhuras, as imperfeições. Ele suspira de novo. Duas semanas. Ai, meu saco.