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Gerry, ou maconheiros de boca seca GERRY (2002) foi feito logo antes de ELEPHANT, que ganhou Cannes. Filme de deserto com apenas dois personagens. Admito que não queria ver. O trailler me dava arrepios de tédio pseudo-intelectual. "Where' you going?" "i don't know. Wanna help?" já era piadinha interna. Mas li um folder que falava da fotografia e, ainda crendo que seria uma merda, resolvi que ia vê-lo mesmo assim. O esperado aconteceu. Mas o inesperado também. O filme é doido. Admito que gostei. É lento pra caralho, lembra coisas do tarkovski, tipo o stalker, os caras andando interminavelmente; ou o profissao: reporter do antonioni, o DESERTO ENORME e o cara pequeno. Ou, obviamente, esperando godot, dois caras e NADA. E seinfeld e beavis e butthead. É aí que a coisa fica boa. Os caras estão doidos. Pelo menos no começo, eles resmungam alguma coisa como "this shit is really good". Acredito ser maconha, um dos caras é completamente lesado. A desidratação piora ainda mais seu estado e ele fica balbuciando raciocínios incompletos com uma boca mole de doidão que é de chorar de rir. Dois maconheiros no deserto. A cena da pedra é a melhor cena de comédia do século XXI. Pode ser involuntário todo o humor que encontrei, mas no fim, que me importa? A lerdeza é impressionante, todo o filme parece exalar THC, a câmera de olhos vermelhos, os espaços entre uma fala e outra, e a falta de conteúdo e articulação quando, finalmente, surge uma frase. A contemplação do que quer que seja. A saída da trilha principal "it's crowded that way; full of tourists" para fugir das PESSOAS. Desde "Fear and Loathing in Las Vegas" nunca filmaram tão bem uma viagem de druguis. Agora eu deveria fechar o texto com alguma frase conclusiva mas não encontro nenhuma.
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