quem que onde como

trabalho na frança como Game Designer. aqui conto historias que acho interessantes. os assuntos sao geralmente cinema e video games mas nao apenas. de forma alguma.


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Já tem um tempo que eu queria ter escrito isso e com os acontecimentos recentes acho que não sá mais pra enrolar.
A Rosa me parece obcecada com espaços. Toda obra que já vi dela tem como personagens principais os lugares, mais que as pessoas. Porém isso não significa que ela não goste de pessoas ou queira se distanciar delas. É através de seus espaços que Rosa pinta o homem. Seus lugares são carregados de memória, sobretudo. Os objetos presentes compõem o lugar: são fundamentais esses objetos. Eles possuem, cada um, uma vida própria que cria, no coletivo, o lugar nostálgico. As pessoas de seus quadros estão presentes nas extensões: um garfo, um prato ou um carro na rua. É como se a convivência com esses objetos os tivesse contaminado de vida e estes ganham independência; o olhar com que se olha os lugares não é o olhar daqueles que estiveram ali, é mais que uma soma das passagens e dos usos desses lugares e objetos: são os objetos tornados vivos, adquirindo personalidade por osmose. Seu tríptico de quatro partes, ganhador do prêmio Signature no sábado, é a kitchenette em diferentes momentos. A perspectiva retorcida não deixa apenas transparecer a funcionalidade prática extrema da claustrofobia de um apartamento pequeno: ela é o humor do apartamento, criado por todos aqueles que já viveram nele, em quatro dias diferentes. Seus lugares profundamente expressivos roubam sua expressividade da memória; espero apenas que, em uma cidade tão velha, não lhe falte inspiração.