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trabalho na frança como Game Designer. aqui conto historias que acho interessantes. os assuntos sao geralmente cinema e video games mas nao apenas. de forma alguma.


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Já tem uns 20 dias que voltei pra Belo Horizonte e a compreensível maratona etílica continua. Também chega a compreensível ressaca do “pelamordedeus, hoje eu juro que não bebo”. Conseguindo ou não cumprir minha promessa, as horas de recuperação são muito bem utilizadas com o melhor do entretenimento de baixo nível, seriados.

O meu preferido, neste momento, é CSI. Grissom e seus lacaios solucionam, graças ao rigor científico, os mais escabrosos assassinatos. Grissom é muito parecido com Sherlock Holmes. A mente analítica, o rigor, o desprendimento do mundo cotidiano e a devoção ao mundo da ciência. Obviamente, no século 19, o rigor científico era apresentado na lógica de Holmes, vários casos eram resolvidos sem que ele saísse de seu apartamento na Baker Street. Grissom, como o homem do final do século XX, é mais imbuído de técnica. Sua ciência é laboratorial, bate prego, suja as mãos e usa bisturi. Talvez por isso ele precise de tantos Watsons: Catherine, Derrick, Sarah e outros. Para Sherlock bastava um doutor fazendo o pivô dialético de suas elucubrações* puramente teóricas.

A mesma dicotomia é apresentada por Latour, em “We have never been modern”, que leio com muita dificuldade nos momentos de repouso em que meu cérebro se mostra um pouco mais ativo. Latour usa o exemplo de Boyle e Hobbes, no século 17, quando brigavam sobre a existência ou não do vácuo em um tubo de vidro. Boyle, o homem técnica, aprimora, para a discussão, o príncipio moderno da experimentação em laboratório. Hobbes utiliza a mesma lógica, puramente “literária”, que usou para embasar o contrato social no estado democrático.

Pode até parecer que eu também prefira a técnica à lógica; mas não. Fato é que a técnica traz mais benefícios “reais” que a lógica discursiva (sem cair no meta-discurso, please). Mas o irônico é que estão ambos próximos: em CSI, em todo episódio, em toda cena de crime, a primeira coisa que fazem os Watsons operários é espalhar o pozinho de impressões digitais e retirá-las com um plástico adesivo. Esse processo foi inventado no século 19, por Sir Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes.

*Eu achava que era “elocubrações” mas o Word me corrigiu.